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Nota de R$ 200: o que impacta na economia?

  • Educação FinanceiraÍndices Econômicos
  • 2, setembro 2020
  • 3 min de leitura
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No dia 29 de julho, o Banco Central (BC) anunciou a criação de uma nova cédula com o valor de 200 reais e pegou todos de surpresa. A princípio, 450 milhões de cédulas vão entrar em circulação a partir de hoje, 02 de setembro, com o lobo-guará, uma espécie em extinção, sendo homenageado na impressão.

Apesar da notícia repentina, o Banco Central alegou que a decisão não é de agora, e que, inclusive, o lobo-guará já teria sido escolhido em 2001, quando o Banco Central realizou uma votação popular para escolher as espécimes da fauna que seriam representadas nas notas brasileiras. O lobo-guará foi o terceiro colocado, atrás da tartaruga marinha, usada na cédula de R$ 2 e do mico-leão-dourado, incorporado na cédula de R$ 20.

Nota de 200 reais. Foto: Raphael Ribeiro/BCB

Nota de 200 reais. Foto: Raphael Ribeiro/BCB

Nota de 200 reais. Foto: Raphael Ribeiro/BCB

Nota de 200 reais. Foto: Raphael Ribeiro/BCB

Aprovada pelo Conselho Monetário Nacional (CMN), a decisão foi tomada para “atender ao aumento da demanda por dinheiro em espécie que se verificou durante a pandemia de covid-19”, segundo o Banco Central. O motivo do aumento seria o entesouramento – dinheiro guardado em casa – que foi sacado durante o pandemia. “Em momentos de incerteza, as pessoas tendem a fazer saques e acumular reservas. O dinheiro, em tempos de incerteza, é sinal de segurança, estabilidade”, disse a diretora de Administração do Banco Central, Carolina de Assis Barros”.

Ademais, o pagamento do auxílio emergencial que entrou em vigor desde abril foi todo pago em espécie, mas não voltou a circular na velocidade esperada pelo Banco Central. O montante soma mais de R$ 160 bilhões de reais considerando as cinco parcelas, o que gerou um custo extra de R$ 437 milhões de reais em impressão de cédulas em julho de 2020.

Os impactos na economia

O anúncio repentino da nova cédula pegou economistas e investidores de surpresa, muito por não se saber quais serão os impactos na economia. Faz 18 anos que não há um lançamento de uma nova nota de real, e em geral, a criação delas tem um fim: diminuir a circulação de dinheiro.

De acordo com o governo, a medida não irá causar impactos na base monetária pois, ao invés de duas notas de R$ 100 circulando, o BC irá substituir por apenas uma de R$ 200. Isso seria uma vantagem, segundo economistas, para aqueles que decidem guardar dinheiro vivo em meio à uma crise, evitando que seu patrimônio seja tomado pelo banco.

Outro ponto de impacto é a dificuldade com o troco. “Para quem recebe o auxílio emergencial, em vez de sacar 6 notas de R$ 100, o saque será de 3 notas de R$ 200. Pessoas que pegarem nota de R$ 200 vão fazer transações de baixo valor, o que vai exigir grande volume de notas menores para dar troco”, avalia o economista Fábio Terra, professor de economia da Universidade Federal do ABC. Sabemos que já há uma dificuldade em transações com notas de R$ 100, mas se tratando do momento em que vivemos e com o aumento de dinheiro vivo com a população – até março eram R$ 216 bilhões, hoje contabiliza R$ 277 bilhões -, alguns pagamentos podem ser feitos de forma mais segura.

A nota de R$ 200 vai causar inflação?

O debate mais significativo, no entanto, é em relação à inflação e se a nota de R$ 200 pode causar um impacto na economia brasileira. A política monetária do país consiste no Banco Central achar maneiras de valorizar a moeda, estabilizar a inflação e valorizar investimentos. Na memória popular, notas com valores altos são sinônimo de hiperinflação, visto que dos anos 1980 a 1994 passamos por um período de alta inflação, e o BC imprimia notas de grande valor que logo desvalorizavam – por exemplo, Cr$ 1000 (cruzeiros) hoje é aproximadamente 30 centavos. Foi somente com Plano Real que a inflação se estabilizou.

No entanto, segundo o Boletim FOCUS, as perspectivas do cenário econômico brasileiro são positivas: é estimado que a inflação corra abaixo dos 2%. Já o Produto Interno Bruto (PIB) tem previsão de retração de 5,77% este ano. 

Em suma, a emissão de uma nova nota faz parte do processo inflacionário, mas não é a causa dele, e no atual momento estamos com a previsão da menor inflação desde a criação do real. Portanto, não há motivos para se preocupar: a nota de R$ 200 vem para tentar minimizar o impacto da crise econômica e também será mais seguro para a população que atualmente recebe o auxílio emergencial. 

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